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>> Paulo Moura

bio:
1933
Em 15 de julho de 1932, na Cidade de São José do Rio Preto, interior do Estado de São Paulo,
nasce Paulo Moura, filho de Pedro Gonçalves de Moura e de Cesarina Cândida de Moura:

A Revolução Constitucionalista de 1932, iniciada em São Paulo contra o Governo Federal de Getulio Vargas, impediu que meu pai me registrasse na ocasião de meu nascimento. Assim surgiu a data de 17 de fevereiro de 1933, que consta até hoje em meus documentos oficiais e continuei sendo o caçula de 10 irmãos, sendo 6 homens e quatro mulheres. Todos os homens se tornaram instrumentistas e foram educados musicalmente pelo meu pai. Marceneiro de profissão e clarinetista e saxofonista da banda local, tinha seu próprio conjunto musical para animar as festas dançantes da comunidade negra. Ensinou música aos filhos com a finalidade de preservar os mais velhos da Segunda Grande Guerra que estava sendo anunciada. Se fossem convocados, poderiam servir na banda de música do Exercito, sem perigo de seguirem para a Infantaria. Poderíamos ter formado um grupo musical, apenas a família Moura — com 2 trompetes (José e Alberico), 1 trombone (Waldemar), 3 saxofones ( Pedro, meu pai, Pedro Jr, e eu), 1 bateria (Francisco, Chico para os amigos) e 1 piano (Filomena ou Nena, como é conhecida em família) – se não tivessem meus irmãos mais velhos se mudado para o Rio de Janeiro, ainda na década de 30.




1941

Precocemente, aos nove anos, Paulo Moura pede para estudar música, encantado pelas fotos de seus irmãos nos programas dos shows dos Cassinos do Rio, regularmente enviadas para a família. Ganha do seu pai a primeira clarineta.




1942

Em Santos, morre afogado Francisco Moura, seu irmão baterista.




1944

Começa a tocar no conjunto de seu pai – Pedro Moura – em bailes populares, fazendo seu primeiro solo no choro composto pelo saxofonista Domingos Pecci.




1945

A família Moura chega ao Rio de Janeiro, para morar na Rua Barão de Mesquita 363 , na Tijuca:

Vieram meu pai, minha mãe e nós, os filhos mais novos: Tita (Cesarina), Lico (Alberico), Nena (Filomena) e Tude (Edeltrudes). Fillinha, assim com 2 "eles" como ela escrevia (Dalila), já casada com o mecânico de carros Alcides Salgado, ficou na cidade de São Paulo.




1947

Interrompi meus estudos na segunda série do "Ginásio Luiza de Castro", na Tijuca, para dedicar-me à música, com autorização de meus pais. Queria evitar a profissão de alfaiate que me fora imposta pelo José, meu irmão mais velho. Estudei clarineta e Teoria Musical e Solfejo, com o Prof. João Batista, um dos mais solicitados clarinetistas e saxofonistas da época, até os anos 50.




1949

Enquanto continuava os estudos de clarineta, já ganhava alguns trocados em bailes de classe média, nos clubes israelitas "Monte Sinai" e o "Israelita Brasileiro" da Tijuca, e nas gafieiras do Andaraí, Centro da cidade, Praça da Bandeira, Belfort Roxo e Pavuna. Freqüentando o Ponto dos Músicos (em frente ao Teatro João Caetano, na Praça Tiradentes) consegui dar início a minha carreira profissional e voltar a estudar formalmente no "Ginásio Luiza de Castro". Para tocar nas orquestras era necessário tocar sax alto, então peguei o sax e saí tocando. É bem fácil para quem já toca clarineta.




1950

Meu irmão Pedro, que tocava saxofone e clarineta como eu, morre do coração em Campos de Jordão, onde estava se tratando da tuberculose. Entrei no quarto ano de clarineta, na Escola Nacional de Música, com o Prof. Jayoleno dos Santos.




1951

Primeiro trabalho de músico com carteira assinada: é contratado como primeiro saxofonista solista da Orquestra de Oswaldo Borba, pela Rádio Globo. Grava no estúdio da Odeon:

A primeira vez que entrei em um estúdio de gravação, na Odeon, foi para acompanhar Dalva de Oliveira cantando "Palhaço", composição de Nelson Cavaquinho.

Três meses depois a orquestra se transferia para a TV Tupi, com um número reduzido de músicos.
Com o Prof. Paulo Silva aprende Harmonia, pagando aulas particulares com seus primeiros ordenados.
Ainda tocando na TV Tupi, Paulo Moura serve ao Exército na Cavalaria de Guarda de São Cristóvão:

O ideal de meu pai foi realizado em plena paz, porque fui direto para banda de música. O único disparo que ouvi foi acidental. Nesta mesma época houve um grande concerto na Vila Militar e o mestre de banda convocou os músicos que considerava os melhores entre todas as bandas do Exército. Soldado, fiz o primeiro ensaio com os cabos clarinetistas. O segundo, ao lado do segundo sargento. E no terceiro, eu já estava ao lado do primeiro clarinetista da banda que era sub-tenente.

Participa, na RCA Victor, de gravações com Zaccharias e sua Orquestra, como primeiro saxofonista, acompanhando os cantores Nelson Gonçalves, Dircinha Batista, Núbia Laffayete, Carlos Galhardo e Gilberto Alves.
Toca sob a regência do Maestro Leonard Bernstein, que veio a Rio para conduzir e interpretar obras suas e de Gershwin ("Rapsody in Blue"):

Me impressionou muito que alguém regesse e tocasse piano ao mesmo tempo... E depois o bis, uma espécie de boogie-woogie, numa atitude muito corajosa, porque o publico de concertos eruditos se limitava, ou ainda se limita hoje, a apreciar repertórios que giram em torno do Classicismo e do Romantismo: Mozart, Beethoven, Brahms, etc. Fui arregimentado para fazer parte da orquestra, tocando o terceiro saxofone, um instrumento bissexto na formação orquestral sinfônica, mas que Gershiwn usou para fazer um elo com a musica negra americana que ele tanto admirava.




1952

Deixa a Orquestra de Oswaldo Borba e as gravações com a Orquestra do Maestro Zaccharias, para acompanhar a Orquestra de Ary Barroso ao México, em sua primeira viajem internacional com duração de dois meses. Na volta ao Rio de Janeiro, retoma os estudos de clarineta para diplomar-se na Escola Nacional de Música:

Ainda neste ano participei da efervescência do jazz no Brasil, com o Maestro Cipó, Dick Farney e K- Ximbinho, sempre como primeiro saxofone nas grandes formações lideradas por eles, no Theatro Municipal e no Copacabana Palace. O Maestro Cipó fazia arranjos privilegiando os trompetes nos agudos, o que produzia um efeito brilhante, inspirado em Dizzy Gillespi e Stan Kenton, enquanto o K-Ximbinho escrevia os seus arranjos de uma maneira mais suave, usando instrumentos como violoncelo e oboé, meio cool jazz. Dick Farney, grande pianista, preferia o estilo de Dave Brubeck.

O Prof. Jayoleno dos Santos insiste para que Paulo Moura , já graduado em clarineta na Escola Nacional de Música, curse ainda um ano no Conservatório de Música de Niterói para obter o diploma de Professor de Clarineta.

Em concursos promovidos por Paulo Santos, apresentador dos programas "Concertos Sinfônicos" e "Em tempo de Jazz" da Radio Mec, Paulo Moura foi premiado como Melhor Clarinetista e Melhor Saxofonista:

Não havia dinheiro, apenas prestígio. Tudo inspirado nas realizações de fim de ano da revista "Down Beat" de Nova York, que naquela época também incentivava a gravação dos melhores do ano. Por isso em dois anos seguidos, sob a coordenação de Paulo Santos, gravei dois LPs: "Em tempos de Jazz" I e II. Não tenho um exemplar sequer deles na minha coleção pessoal.





1953

Após a série de shows com Ary Barroso, no Teatro Lírico da Cidade do México, onde também se apresentava Agustín Lara (compositor de "Granada") – os dois grupos revezando-se em duas sessões por noite –, viajou para Nova Iorque com o trompestista Julio Barbosa:

A gente queria mesmo encontrar o Charlie Parker, de quem eu seguia o estilo. Mas ele estava fora da cidade, fazendo temporada. Mas fizemos uma certa amizade com o trompetista Dizzy Gillespie, que nos recebeu em sua casa em Corona Plaza, subúrbio de New York. O bepop foi um estilo que incorporou elementos do impressionismo francês na harmonia, e onde as acentuações rítmicas do solo eram executadas com acentos deslocados, diferenciando-se do swing que o antecedeu, com Benny Goodman, Count Basie e Duke Ellignton.

Nesta época eu ensaiava, nas tardes de sábado, em casa de minha família, na Rua Barão de Mesquita. O João Donato fazia as composições e eu ensaiava os sopros: entre eles, o Bebeto do Trio Tamba que ainda tocava saxofone. O baterista era o Everardo Magalhães Castro, Luiz Marinho no baixo acústico, João Luis no trombone. Johnnny Alf às vezes nos visitava para mostrar algumas composições, como "Rapaz de Bem". A Bossa Nova ainda não tinha estourado mas já se anunciava no meio musical. Johnny Alf, que acabara de gravar seu primeiro disco solo, nos falava sobre um arranjador muito bom e desconhecido, o Tom Jobim.

Paralelamente a essas incursões pelo jazz nacional, Paulo Moura tocava nas orquestras dos "Táxi Dancings":

Os mais importantes ficavam no subsolo do Edifício São Borja, na Cinelândia. Lá os deputados federais (o Rio de Janeiro ainda era a Capital) e seus assessores dançavam com as damas da noite, as táxi-girls. Os freqüentadores quando entravam no dancing recebiam um cartão que ia sendo picotado pelas damas. Quanto mais tempo dançassem mais pagavam ao gerente a às damas. Era uma contabilidade meio complicada que agora me parece um tanto incompreensível, pois é claro que uma dama podia ser mais solicitada do que outra, não é? ( rindo) e agora só voltando no tempo para entender. Este era o espaço do segundo escalão, porque o primeiro, o dos senadores, se encontrava na "Boite Vogue”





1955






1956

Soube que o Edu da Gaita havia gravado o "Moto Perpétuo" do Paganini, o que era um acontecimento surpreendente, em se tratando de uma primeira vez para um instrumento de sopro. E eu, que estava confiante na minha técnica na clarineta, fui correndo à Lapa, para uma loja de música que há muito já não existe mais, e comprei a partitura original para violino. Tratei de desenvolver uma técnica de respiração que permitisse o som contínuo, porque o "Moto Perpétuo" é perpetuo por isso, não dá espaço para a respiração do violino, que não precisa respirar é claro, porque quem respira é o violonista. Mas a clarineta só tem som se a palheta vibrar com o meu sopro, e para que brejo vai então o tal do "Perpétuo", respiro ou assopro? Daí que levei pelo menos 15 dias para encontrar um jeito de tocar a musica inteira, de 5 min. de duração. Inventei de acumular o ar nas bochechas, mantendo a palheta vibrando com este ar acumulado no rosto e respirando enquanto exalava. Ou seja um loucura. Tive de levantar peso, correr na areia da Praia de Copacabana, praticar ioga... Valeu. Gravei meu primeiro 78’ rotações, para a CBS. Foi quase uma façanha, que me levou aos programas de Flávio Cavalcanti e Silvio Santos na TV Tupi. Mas não escapei de tocar num parque de diversões, ali no Aterro da Glória, que depois se tornaria o Aterro de hoje em dia.

Essa notoriedade permitiu a Paulo Moura organizar sua primeira orquestra, para se apresentar na Rádio Jornal do Brasil, às segundas feiras à noite. Além dos 5 sax, 4 trompetes e 3 trombones, baixo e piano, a orquestra tinha como destaque o baterista Edson Machado e a guitarra elétrica de Durval Ferreira. Admirador das Orquestras de Zaccharias e de Severino Araújo, lideradas por clarinetistas, Paulo Moura, aos 23 anos, escrevia os arranjos, escolhia o repertório e ensaiava músicos que depois se tornariam, como ele, destaques da musica instrumental. Com esta orquestra fez alguns bailes em clubes e cobria as folgas da orquestra do "Dancing Brasil". Gravou um LP de 33’ no Estúdio da Sinter, que se tornou Phonogram e depois Polygram: "Escolha e dance com Paulo Moura e sua Orquestra de Danças".

Paulo Moura percebe então que buscava um caminho já esgotado - as orquestras para dança nos moldes americanos do swing como as de Benny Goodman, Artie Shaw e Woody Herman:

O rock and roll já dominava as rádios. E por isso tive que dar ouvidos aos meus irmãos mais velhos, desfiz a minha orquestra e aceitei um emprego fixo: fui ser músico da Radio Nacional.




1957

É a época dos grandes maestros arranjadores da Radio Nacional: Lírio Panicalli, Radamés Gnatalli, Leo Peracchi, Guerra Peixe e Moacir Santos, e de músicos como o violonista Menezes, o baterista Luciano Perrone, Chiquinho do Acordeon e Jacó do Bandolim. Os irmãos mais velhos de Paulo Moura, José, Alberico e Waldemar, já eram contratados da Orquestra da Radio Nacional desde o início da década 50. Ali estavam os melhores músicos da cidade:

... e que nunca deixavam de receber seus salários em dia. Resisti ao convite durante anos, e quando o aceitei fiz apenas um pedido: que jamais fosse escalado para tocar no programa do César de Alencar. Mas esqueci que havia o de Paulo Gracindo, outro programa de auditório e, o que é pior, aos domingos. A boa lembrança que tenho é que tocava comigo o saxofonista e clarinetista famoso nos anos 40, Luis Americano, que já havia gravado com Carmem Miranda e Chico Alves. Aprendi muito com ele.




1958

Devido à grande quantidade de solicitações de arranjos para os cantores da Rádio Nacional, o maestro Moacir Santos começa a dividir a tarefa com seu aluno Paulo Moura, em quem percebe dedicação e empenho para desenvolver-se em todas as tarefas disponíveis para um músico profissional. Logo depois, segue aprimorando-se como arranjador com o Maestro Cipó.

Durante a Guerra Fria, época na qual Paulo Moura se profissionalizava, havia vários e dedicados simpatizantes da causa comunista na Rádio Nacional. Mas não era fácil manter um intercambio entre Brasil e Rússia, porque os músicos e cantores temiam o “fichamento pela censura” o que os impediria de obter posteriormente um eventual visto americano, e “ fazer a América” como a maioria sonhava. Por isso houve dificuldades na formação de um grupo de músicos para acompanhar os cantores Nora Ney, Jorge Goulart, Dolores Duran, Maria Helena Raposo numa excursão pelo território soviético. Paulo Moura resolve enfrentar o desafio: torna-se diretor musical e regente da jazz band com 3 trompetes, 2 trombones, 1 flauta, 5 saxofones, 15 violinos, 3 violas, 2 cellos, bateria, piano, baixo e guitarra, com arranjos de Radamés Gnatalli, Maestro Gaya e de sua própria autoria.

O sax tenorista Moacyr Silva, seu colega na orquestra do Maestro Zaccharias, havia gravado um LP só com standards americanos pelo selo Musidisc, acompanhado por piano baixo e bateria. Um sucesso nas vitrolas em festas de casa de família, que sem recursos de contratar as grandes orquestras, deliciavam-se dançando aos pares ao som de Bob Fleming, pseudônimo que a gravadora sugeriu, para “americanizar” o seu produto fonográfico. De volta ao Brasil, é a vez de Paulo Moura, seguir este mesmo caminho: grava seu primeiro LP pela RCA, "Sweet Sax ", sem aceitar , no entanto, usar um pseudônimo americano. Os arranjos são dos Maestros Cipó, Gaya, Moacir Santos e Nelsinho: "Nel blue de pinto di blue", "Temptantion", "Out of nowhere" e temas do musical "My Fair Lady" são alguns dos hits do momento que fazem parte do repertório.




1959

Paulo Moura inicia sua trajetória no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, onde entra por concurso: ganha a vaga de clarinetista em primeiro lugar, executando a "Primeira Rapsódia" de Debussy. A partir de então torna-se um expert apaixonado do repertório erudito das salas de concerto, óperas e balés, tocando sob a regência de Eliazar de Carvalho, Karabtchevsky, Stravisnky, Leonard Bernstein, entre outros.
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O LP "Tangos e Boleros” é lançado pela gravadora Chantecler com seus solos no sax alto e clarineta sobre playbacks de gravações lançadas anteriormente por cantores, como Ângela Maria, Albertinho Fortuna e Nuno Roland.

Quando o Hotel Copabana Palace convida cantores americanos para seus shows no Golden Room, onde se apresentam com orquestras brasileiras arregimentadas por Moacir Silva, Paulo Moura é o primeiro saxofonista, acompanhando Lena Horn, Cab Calloway, Nat King Cole, Ella Fitzgerald, Sammy Davis Jr, Marlene Dietrich, entre outros. Devido ao acúmulo de atividades, passa a ter que indicar substitutos para honrar seus compromissos no Theatro Municipal e nas grandes orquestras populares. Esse dilema dura até 1978, quando Paulo Moura resolve se afastar da Orquestra do Theatro Municipal para dedicar-se exclusivamente à carreira solo.




1960

"Paulo Moura interpreta Radamés Gnatalli" é lançado com composições especialmente escritas para ele pelo excepcional maestro que o acompanha ao piano, ao lado de Pedro Vidal no contrabaixo, Trinca na bateria e Baden Powell no violão:

Tudo começou por causa de um ataque de ciúmes que eu tive. O Radamés havia feito um choro, o "Bate Papo", para o grande tenorista Zé Botega. Então, enchi-me de coragem e pedi-lhe que escrevesse um para mim também. Surpreendeu-me com oito canções.

Paulo Tapajós, diretor da Radio Nacional e da gravadora Continental encarregou-se da gravação. Curiosamente, o lançamento deste LP acontece ao mesmo tempo, no mesmo dia e no mesmo programa de televisão da TV Tupi que o LP "Chega de Saudade" de João Gilberto.




1962

Eu ensaiava no Theatro Municipal de dia e tocava ao vivo na TV Excelsior à noite. O ônibus, que saía do Bar Vinte em Ipanema para o centro da Cidade, passsava pela esquina da Rua Duvivier em Copacabana, onde ficava o Beco das Garrafas. Algumas vezes eu descia do ônibus no meio do caminho para casa, para encontrar os colegas. Sergio Mendes era um deles. O baixista Otavio Bailly, outro. Ambos empolgadíssimos em formar um primeiro grupo instrumental de bossa nova que incluísse sopros: o "Samba Rio". Dois meses depois, quando desembarcávamos em Nova Iorque, o produtor musical Nesuhi Erdegun sugeriu que mudássemos o nome para "Bossa Rio" e foi assim que nos apresentamos no Carnegie Hall, nas noite de Bossa Nova que reuniu no mesmo palco: Tom Jobim, Stan Getz, João Gilberto, os irmãos Castro Neves, Agostinho dos Santos e Carmem Costa, entre outros.

Em Nova Iorque, nesta ocasião é gravado o LP "Cannonball Adderley e o Bossa Rio". Cannonbal Adderley era o mais destacado saxofonista alto jazzistico americano daquele período.




1964

Paulo Moura faz uma série de arranjos para Elis Regina , em seu primeiro LP, com destaque para as canções : "João Valentão" de Dorival Caymmi e "Menino das Laranjas" de Théo Lima.

Sai, pela CBS, "Edison Machado é samba novo", uma das mais elogiadas gravações de bossa nova instrumental, com quatro faixas de Paulo Moura como arranjador, entre elas: "Só por amor".




1964
Nasce Pedro, primeiro filho de Paulo Moura, em novembro de 1964. Seu nome homenageia o avô Pedro Moura.





1966

Inicia a estreita amizade com Wagner Tiso, a quem convida para integrar o quarteto do baterista Edison Machado, em subsituição à Osmar Milito, que deixava o grupo para viver em Los Angeles.




1968

Em apresentação inédita no Brasil, Paulo Moura e sua Orquestra de Música Popular trazem para uma sala de concerto, no Rio de Janeiro (Sala Cecília Meirelles), o "Ebony Concert" para jazz orchestra de Igor Stravinsky.





1969

"Paulo Moura e quarteto" com Wagner Tiso, Luis Alves e Paschoal Meirelles é lançado pela gravadora Equipe, no momento em que há uma retomada da bossa nova, agora voltada para o público mais sofisticado e amante do jazz. A este mesmo grupo reúnem-se Oberdam Magalhães (sax tenor), Constâncio ( trombone) e Darcy da Cruz ( trompete), e como "Hepteto Paulo Moura" lança mais três LPs: "Mensagem", "Pilantocracia" e "Fibra". Neste último, Marcio Montarroyos substitui Darcy da Cruz e Robertinho fica no lugar de Paschoal Meirelles:

Estes trabalhos tinham intenção de dar seqüência a um som instrumental da bossa nova, inspirado na sonoridade dos Jazz Messangers e Horace Silver.

Regendo uma orquestra que incluía o seu Hepteto acrescido de 4 violas e 4 cellos, Paulo Moura acompanhando Maysa, estréia o primeiro show de música popular no Canecão, que até esse momento era apenas uma casa de dança com música ao vivo.




1971

"Mandrake", parceria de Paulo Moura e Wagner Tiso, é sucesso de execução nas rádios do Rio de Janeiro.

Paulo Moura conduz a grande orquestra que acompanhou Milton Nascimento no show gravado ao vivo "Milagre dos Peixes", nos Teatro João Caetano (Rio) e no Theatro Municipal de São Paulo.




1975

É convidado a reger a orquestra que acompanha Sergio Mendes numa temporada que se inicia no Teatro Manchete e se estende para o Theatro Municipal do Rio e Anhembi (São Paulo).




1976

Destaque do ano: "Confusão Urbana Suburbana e Rural" é lançado pela RCA Victor, com produção de Martinho da Vila, com que Paulo Moura tocava pelo mundo afora. Este LP, considerado um marco da musica instrumental popular brasileira, fascina o público e a crítica especializada ao misturar percussão afro- suburbana a instrumentos de sopro de big bands e aos chorões. "Dia de Comício", "Carimbó do Moura", "Dois sem vergonha" com Wagner Tiso, e o "Tema do Zeca da Cuíca", com Tiso e Martinho, são de sua autoria.




1977

Com este sucesso tive condições de encarar a carreira de solista internacionalmente, viajando, a partir de então, para o "Festival de Artes Negras" na Nigéria, para França, Holanda e Japão, e pude deixar o meu posto de clarinetista da Orquestra do Theatro Municipal.
Mas assim mesmo fui dispensado pela RCA Victor, por razões que nunca entendi, desorientado-me quanto ao rumo de minha carreira solo. Ainda compus e orquestrei os temas do seriado "Plantão de Polícia" da TV Globo e participei como ator e compositor no filme "Parceiros da Aventura", de José Medeiros.




1978

Compõe a trilha sonora para o filme “A Lira do delírio” de Walter Lima Junior , também preenchida com trechos do LP "Confusão Urbana, Suburbana e Rural"
Ao lado de Waldyr Azevedo, Abel Ferreira, Zé da Velha, Joel Nascimento e Copinha participa das duas temporadas do "Choro na Praça", no Teatro João Caetano, registrado ao vivo pela Polygram.

Vídeo - Documentário





1979






1980

Já afastado do Theatro Municipal, decidi dar uma canja na "Gafieira Estudantina", da Praça Tiradentes, e acabei ficando por oito meses. Iniciei, sem que me apercebesse disto, uma nova vertente musical na minha carreira, que tem se recriado, permanentemente, desde então.




1981

Paulo Moura grava o "Consertão" pela Kuarup , depois de extensa e bem sucedida temporada nacional com Arthur Moreira Lima no piano, Heraldo do Monte no violão e o trovador baiano Elomar Filgueira de Melo no vocal.





1982

Para o "Festival da Paz", em Guadalupe, escreve "Diálogos para a paz mundial" com Alex Meirelles, pianista, que será posteriormente incluída em seu LP "Gafieira Etc e tal", gravado pela Kuarup.
Faz a direção musical do filme "O bom burguês", de Oswaldo Caldeira.
Com Arthur Moreira Lima, Raphael Rabello e Joel Nascimento lança o choro, em apresentação no Lincoln Center, em Nova Iorque.
O filme “Parahyba mulher macho” de Tizuka Yamazaki tem trilha sonora de sua autoria.
Estréia a "Gafieira do Circo Voador", no Arpoador (Rio), transferida posteriormente para a Lapa.
Destaca-se no Festival Internacional de Jazz de Berlin.





1983

Paulo Moura inicia a arceria com Clara Sverner que se estende em apresentações pelo Brasil e pelo exterior, gravando juntos uma série de discos: "Encontro", "Vou vivendo", "Clara Sverner e Paulo Moura interpretam Pixinguinha" e "Cinema Odeon", este último apenas em edição não comercial.




1984

"Mistura e Manda", gravado pela Kuarup, torna-se uma referência nacional e internacional, tal como anteriormente "Confusão Urbana Suburbana e Rural", ao reunir um repertório dançante de Gafieira, com uma mescla de instrumentistas e gêneros musicais: Zé da Velha ( trombone), Mané do Cavaco(cavaquinho), Jorginho do Pandeiro, Maurício Carillho ( violão), Raphael Rabello (sete cordas), Cesar Farias (violão) e Joel do Nascimento ( bandolim). A esta formação tradicional de choro, Paulo Moura acrescenta mais dois cavaquinhos (Carlinhos do Cavaco e Jonas Pereira) e dois percussionistas (Neoci de Bonsucesso e Jovi Joviniano), registrando assim sua concepção de choro afro-brasileiro, "choro negro".




1985

Em Juan-les-Pins, Antibes (sul da França), lidera uma banda formada por Zé da Velha (trombone), Raphael Rabello (sete cordas) e Jacques Morelenbaum (cello), na mesma noite que reuniu os shows de Tom Jobim e de João Gilberto.
Em parceria com Alex Meirelles e Paulo Muylaert, compõe a trilha sonora do filme "Rato Rei", de Silvio Auttuori.






1986

Para gravar o CD "Gafieira Etc e Tal" pela Kuarup, Paulo Moura traz o grupo com o qual tocava nas Gafieiras do Parque Lage.
Apresenta-se no "Free Jazz Festival" e viaja para Paris, Nova Iorque, ampliando o conceito de musica de Gafieira, da qual torna-se a vertente contemporânea.
É arranjador, diretor de orquestra e solista convidado no programa "Um toque de classe" da TV Manchete, concebido e apresentado pelo pianista Arthur Moreira Lima.




1988

No ano dedicado aos 100 anos de Abolição da Escravidão no Brasil, rege, a convite da Secretaria da Presidência da República, a Orquestra Sinfônica de Brasilia num programa comemorativo, na Sala Villa- Lobos, em Brasília, perante autoridades nacionais e internacionais; no repertório, uma peça de sua autoria, especialmente composta para a celebração, "Arredores da Lapa", tendo como solista um percussionista popular.
Apresenta-se no "Olympia" de Paris com o repertorio do "Quarteto Negro", lançado pela Kuarup, do qual fazem parte Jorge Degas (baixo elétrico), Djalma Correia (percussão) e Zezé Motta (cantora e atriz).
Nelson Motta convida Paulo Moura para o primeiro show de lançamento de Marisa Monte, no Canecão. O encontro dos dois em “ Negro Gato” está registrado em DVD da cantora.





1988
Nasce Domingos, em 31 de julho de 1988, seu filho com Halina Grynberg





1991

"Paulo Moura e Ociladocê interpretam Caymmi" é lançado pela Chorus Music e tem um belo clip produzido por Tizuka Yamazaki e seus alunos da CAL.
Compõe a trilha sonora de "Lindolfo Collor", um Especial da TVE.




1992

"Rio Nocturne", produzido pela Messidor, é gravado na Alemanha, com a participação de Jorge Degas ( baixo) e do percussionista alemão Andréas Weiser, e apresentado no "Montreux Jazz Festival".
"Dois Irmãos", gravado com Raphael Rabello, é lançado pela Caju Music. Por esse CD de rara beleza que até hoje permanece inscrito nos catálogos internacionais de música, Paulo Moura recebe o Prêmio Sharp de Melhor Instrumentista Popular de 1992.
Rege a "Suíte Carioca", peça para Orquestra Sinfônica, grupo instrumental de jazz e coral de 150 vozes infantis, que compôs para a inauguração dos eventos da ECO-92 no Rio de Janeiro, a convite do prefeito Marcello Alencar.




1996

O selo Tom Brasil lança "Paulo Moura e Wagner Tiso", uma compilação de interpretações ao vivo de ambos, realizadas durante as excursões da série "Brasil Instrumental CCBB".
Assume a presidência da Fundação Museu de Imagem e Som:

Consegui dar maior visibilidade à instituição, aprimorar as condições de pesquisa, realizar algumas mostras e shows no auditório do museu e – imagine só! – consegui verba para alugar um piano de cauda para os shows de Cliff Korman, Mauro Senise, Nelson Sargento, Marcos Ariel, entre outros...

Torna-se membro do Conselho Estadual de Cultura na gestão do governador Marcello Alencar. É convidado a integrar o Conselho Federal de Música, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.




1997

No filme "Navalha na Carne" de Neville de Almeida, tendo Vera Fisher como protagonista, Paulo Moura faz uma participação especial, interpretando um músico de rua no bairro de Santa Teresa.

O "Festival Internacional Paulo Moura" é criado em sua cidade natal, São José do Rio Preto, por iniciativa do prefeito Liberato Caboclo, carioca de nascimento e riopretense por adoção. Passam por este festival como convidados: a Orquestra Sinfônica Brasileira, a Orquestra de Câmara de Genebra, Wagner Tiso, Djavan, Leny Andrade, Oscar Castro Never, Paquito D’Rivera, entre outros. Dá nome a uma praça.





1998

Realiza "Paulo Moura visita Gershwin e Jobim", uma bem sucedida série de shows no Sesc Vila Mariana (São Paulo), Sala Cecília Meirelles (Rio de Janeiro) e nos Festivais de Jazz de Maceió e Tel Aviv (Israel). Nesse inusitado projeto musical, Paulo Moura revela os matizes negros dos dois grandes compositores/pianistas. A vertente judaica de Gershwin transparece nos arranjos "klezmer", feitos por Cliff Korman e Paulo Moura. O show é gravado ao vivo no estúdio do Sesc Vila Mariana.





1999

Gravado ao vivo, em apenas duas apresentações, no Teatro Carlos Gomes do Rio de Janeiro, o CD "Pixinguinha: Paulo Moura e os Batutas", lançado pelo selo Rob Digital, recebe o Premio Sharp de Melhor Grupo Instrumental e de Melhor Solista. A faixa "Urubu Malando" é incluída como tema do protagonista da novela "Torre de Babel", da TV Globo.
Com Cliff Korman, com o qual mantém sólida parceria, grava ao vivo, no Festival de Gênova, um repertório que reúne de Pixinguinha a Duke Ellington: o CD "Mood Ingênuo" é lançado na Europa e nos Estados Unidos.





2000

Ganha o Primeiro Grammy Latino para Música de Raiz com seu trabalho "Pixinguinha: Paulo Moura e os Batutas” (Rob Digital).
Interpreta o papel de Zé Espinguela, músico popular que influenciou Villa-Lobos na sua aprendizagem de choro, no filme “Villa-Lobos uma vida de paixão”, de Zelito Viana.




2001

Grava, pela Rob Digital, o CD "K-Ximblues", que vem a receber o Prêmio Rival-BR como melhor produção indepedente:

Sempre admirei a obra de Sebastião Barrros, autodenominado K- Ximbinho, desde o tempo que ele era o sax alto solista da Orquestra Tabajara, nos anos 50. Depois começou a freqüentar nossa casa por causa de meus irmãos músicos e mais velhos que eu. Admirava sua versatilidade, a variedade de talentos, compor choros orquestrais, tocar jazz, excelente clarinetista e vibrafonista, um artista multi-midia, diríamos hoje em dia... Por isso, numa série de shows no Teatro Leblon organizados por Marco Pereira, com a Tema Produções, gravei ao vivo "K-Ximblues", conseguindo a façanha de convencer Mauricio Eihorn a participar como convidado especial na gaita!.





2002






2003

É lançado, pelo Selo Rádio MEC, o CD "Estação Leopoldina", uma incursão de Paulo Moura pelo celeiro de sambas instrumentais dos subúrbios servidos pela rede ferroviária da Leopoldina, que é indicado ao Grammy de 2003.





2004

O selo Biscoito Fino acolhe a parceria de Paulo Moura e Yamandu Costa em "El Negro Del Blanco".

Vídeo - Documentário: Um Sopro de Brasil - SESC Pinheiros, São Paulo





2005

Paulo Moura recebe o Prêmio Tim de Melhor Solista Popular por sua interpretação no CD "El Negro Del Blanco".
Participa do documentário "Brasileirinho", dirigido por Mika Kaurismaki e produzido por Marco Forster, com enorme repercussão no Festival de Filmes de Berlim, e em Marseille, na França.





2006
Este ano de 2006 sido pleno de experimentações bem sucedidas.
Em junho foi lançado pela Biscoito Fino o Cd "Dois Panos para Manga", onde Paulo Moura reune-se ao amigo de adolescência João Donato para um belíssimo passeio pelo repertorio do Sinatra Farney Fã Club. Resultado: um trabalho musical que chama atenção, desde o início, pelo contraste com as verdadeiras paredes sonoras da maior parte dos lançamentos mais recentes - inclusive de música instrumental. É um prazer diferente poder conferir as sutilezas, os silêncios, os sons e a simplicidade da união entre piano, clarineta, ressoando experiência e sensibilidade e plenos de virtuosismo.

Década de 50 recuperada, Paulo Moura lança-se ao futuro em "Samba de Latada", CD com Josildo Sá, canto ascendente da música popular de Pernambuco. Assim, em outubro é lançado este projeto, por enquanto apenas no NE, onde Paulo Moura toca como se estivesse animando um samba numa latada, numa noite enluarada num sítio no meio do mato "aparceirado" com Josildo Sá e sua esplendorosa voz sertaneja roufenha , o fraseado certeiro.
E agora, mais uma parceria. Com o jazzista americano apaixonado pela música Cliff Korman, temos o Gafieira Jazz. Como se Pixinguinha e Duke Ellington tivessem marcado um encontro no céu para uma jazz session regada à brasilidade - distribuído pela Rob Digital.




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